network é uma pauta que divide opiniões, há quem entenda a importância da estratégia no que diz respeito à carreiras criativas capitaneadas por mulheres, há quem diga que o tema é banal uma vez que os mercados criativos diferente dos corporativos, apresentam oportunidades mais igualitárias, mas sabemos que está distante de ser uma verdade. 

enxergamos a articulação como uma ação estratégica primordial quando existe a consciência que mesmo em áreas hiperconectadas e receptivas ao novo as oportunidades são ofertadas para mulheres de maneiras diferentes. seja em mercados criativos ou ambientes corporativos ainda destinamos energia para fincar nossas bandeiras, acessar e permanecer em espaços e nos mantermos vigilantes para que cada conquista não nos seja retirada. mesmo envolta em novas possibilidades e mudanças de mindset muitos deles proporcionados pela internet, nem sempre somos apresentadas aos momentos e pessoas oportunas, portanto é preciso diminuir distâncias.

protagonizar a jornada de construção de marca, carreira e negócio é na maior parte do tempo uma viagem solitária e ainda permeia em nosso imaginário uma visão deturpada sobre criar e fomentar uma rede de contatos, por isso é urgente subverter certas lógicas imperativas usadas até o momento. 

ao se manter sensível aos contextos e entendendo criatividade como uma atuação coletiva fica mais fácil pensar network a partir da possibilidade criarmos uma rede de afetos com conexões profissionais interessadas e não interesseiras. afinal, se grande parte das lideranças femininas partem da empatia, da colaboração e da busca por impacto positivo coletivo e não apenas individual, por que a forma de se relacionar profissionalmente seria uma repetição de atitudes que não fazem mais sentido e que não dialogam com as necessidades contemporâneas percebidas diariamente? 

buscar conexões profissionais afetivas nos permite aplacar o sentimento de que estamos sempre incomodando ao pedir suporte e nos coloca diante de trocas acolhedoras, traz conforto emocional ao percebermos que não estamos sozinhas nos contratempos do cotidiano e também abre portas para resolução de impasses nos colocando diante daquelas que não tem receio de partilhar de maneira generosa e nos conectar com outros indivíduos que enxergam a potência do coletivo como nós.

te convidamos para observar suas relações de trabalho ou a falta delas, ressignificar as abordagens e percepções entendendo a partir de agora alguns caminhos para criar e manter conexões profissionais qualitativas, interessadas e não interesseiras.:

– muitas relações de amizade se formam através do trabalho, mas neste momento não trata-se de buscar novos confidentes, íntimos, mas sim compreender que é possível estabelecer relações cordiais e cheias de admiração mútua deixando o restante como consequência. relacionar-se é primordial para manter-se em mercados criativos porque ninguém chega a lugar algum sozinha!

– compreenda que essa rede profissional afetiva fala sobre qualidade e não quantidade, quem são as pessoas que realmente somaram e/ou podem somar para trocas relevantes, inteligentes e prósperas na sua carreira?

– entenda como você pode ser relevante e interessante para as pessoas. somos um microcosmo de possibilidades, nossas marcas carregam intelectualidades, maneiras de fazer, processos únicos, histórias singulares e até uma rede de contatos prévia, talvez você só não tenha percebido e nem elencado as potencialidades ao seu redor, ganhe a consciência da sua importância!

– olhe para o círculo profissional que construiu até o momento, muitas pessoas passaram pela sua trajetória, perceba quantas figuras potentes encontram-se nessa teia e faça-se presente. mais uma vez, uma presença qualitativa, não trata-se do exagero, mas de lembrar que aqueles nomes já conhecem suas habilidades, formas de trabalhar, muitas te admiram e talvez nem saibam como anda sua carreira. bons contatos estão ao nosso redor e por vezes esquecemos que eles existem, não deixe isso acontecer.

– faça um mapa mental de pessoas da sua área e mercado, essas que partilham interesses e valores parecidos e que podem somar, estabelecer trocas interessantes e que ainda não estão no seu radar e vice versa. compreenda o que você tem para oferecer numa conexão, o que tem de interessante para dizer, como melhor se apresentar, as pessoas estão dispostas a nos ouvir e abrir diálogos, iniciar relações profissionais, mas precisamos ter domínio e fluência do que queremos dizer.

– não adianta esperar que pessoas te procurem, lembrem de você, se não faz questão de fazer o mesmo. não se trata de cercar-se de todo mundo, é humanamente impossível administrar tantos afazeres e nomes, mas prestigie as pessoas. sem isso não tem como esperar que ninguém estabeleça uma interação com a gente!

– use das funcionalidades e dinâmica da internet para enviar um contato se apresentando ou até mesmo com updates da sua carreira para pessoas conhecidas, pergunte sobre elas. destine alguns minutos do seu dia para enviar uma mensagem de whatsapp ou uma direct parabenizando uma colega por um projeto ou novidade profissional, até mesmo um simples comentário numa foto diante de uma conquista pode fazer a diferença, não custa nada ser cordial. 

– pessoas interessadas e interessantes tornam-se atrativas, mantenha seu foco em relevância. criativas inspiradoras gostam de se conectar com iguais, entenda como comunicar melhor seu trabalho, partilhar melhor suas ideias, dividir pormenores e processos de seu projeto assumindo um protagonismo que revela a profundidade das suas afirmativas. ninguém é obrigada a adivinhar quantas coisas incríveis tem por trás do que faz, mantenha sua comunicação de marca em dia, deixe as pessoas informadas e atualizadas sobre sua carreira.

– tenha tato e não finja intimidade, qualquer relação seja ela profissional ou pessoal é construída, leva tempo. apesar da internet facilitar nossa aproximação e carregar um tom casual, não há necessidade de tratar alguém que acabou de conhecer como melhor amiga. sinta em que pé está a troca antes de fazer comentários e até mesmo pedir favores, pergunte-se sempre se há espaço para isso.

– uma rede profissional afetiva qualitativa é uma rede genuína de trocas. encontre maneiras de ser útil as pessoas, não tenha medo de ser generosa e partilhar indicações, dividir dicas importantes e até conselhos para quem se mantém em sua teia. a abertura para troca é primordial para que as pessoas estabeleça vínculos, afinal, qualquer relação precisa ser uma via de mão dupla! 

– relacionar-se ainda que profissionalmente requer investimento de tempo e manutenção. não adianta trocar contatos iniciais e não manter-se presente, interagir com afeto é sobre a capacidade de manter o interesse no outro e isso nos coloca para observar as trocas cotidianas. e aqui falamos sobre bons momentos e também os ruins, não existem apenas trajetórias de sucesso, saiba acolher e dar suporte, saiba pedir quando precisar ser acolhida nas agruras da rotina de trabalho.

– ao fazer contatos seja objetiva, use bem o seu tempo e tenha respeito pelo tempo da outra pessoa. exponha seus objetivos, deixe quem precisa saber a par das suas necessidades, troque figurinhas, pode ser o início de ótimas trocas!

– evite criar situações ao falar mal ou criticar pessoas junto a sua rede de contatos, principalmente os recém iniciados, ou seja, se não tiver nenhuma intimidade com a pessoa em questão. sabemos que existem profissionais com posturas duvidosas, nomes problemáticos em mercados criativos, mas até para tecer essas críticas precisamos dosar o tom e linguagem porque o mercado se conversa. não crie atritos ou manche sua reputação por causa de fofocas, não vale a pena. 

– não mantenha relações por conveniência, mas por vontade. não adianta se aproximar de pessoas que sequer tem sinergia porque uma rede profissional de afetos precisa se estabelecer numa troca verdadeira que acontece por um alinhamento de valores. em alguns casos é melhor se valer de outras estratégias do que forçar amizades. 

pense na criação de um network de afeto como uma dança. há um ritmo a ser respeitado, uma coreografia intuitiva a ser sentida e claro, é preciso duas pessoas para que haja efetivamente uma movimentação numa relação profissional. 

por fim, saiba a hora de parar de insistir quando percebe que não há interesse da outra parte. não há nada de errado com você, com o outro lado, as vezes só não clica. tem quem precisa de muito mais tempo para estabelecer relações de confiança, acontece e tudo bem, há outros laços a serem construídos e mantidos na sua jornada de carreira!